Capitão do barco é acusado pela morte de mais de 800 migrantes no Mediterrâneo


Capitão do barco é acusado pela morte de mais de 800 migrantes no Mediterrâneo


Barcos com imigrantes naufragam no mar Mediterrâneo em 201534 fotos

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21.abr.2015 - Montagem com retrato feito pela polícia italiana apresenta o tunisiano Mohammed Ali Malek (à esquerda), e o sírio Mahmud Bikhit, que eram o capitão e um membro da tripulação de um dos navios que carregava centenas de imigrantes africanos e naufragou no mar Mediterrâneo. Eles foram detidos sob suspeita de fazer parte de uma quadrilha de tráfico humano. Promotores da cidade de Catania, na Itália, afirmaram que Mohammed Ali Malek, 27, seria o responsável pelo barco e ao realizar manobras acabou levando a embarcação a virar -- causando a morte de 800 pessoas Polícia da Itália/AFP
O capitão da embarcação lotada com centenas de imigrantes e que naufragou no fim de semana foi apontado pela procuradoria italiana como o único responsável pela tragédia, uma das piores já ocorrida o Mar Mediterrâneo.

Ainda abalados e exaustos, os sobreviventes deste novo desastre marítimo, que teria matado cerca de 800 pessoas, chegaram nesta terça-feira à Sicília, junto com dois traficantes de seres humanos que foram presos.

A responsabilidade do capitão do barco, um tunisiano de 27 anos, Mohammed Ali Malek, é inquestionável, segundo a procuradoria de Catânia, na Sicília, já que o homem provocou o naufrágio por ter sobrecarregado o barco e se mostrar sem condições de realizar manobras adequadas.

Esta catástrofe tem duas causas principais, segundo a justiça, em um comunicado.

"Por um lado, as manobras equivocadas decididas pelo comandante do barco que, em uma tentativa de abordar o cargueiro (que acudiu em socorro), provocou a colisão com esta embarcação maior", afirmou a fonte.

"Por outro lado, o excesso de passageiros do barco, que perdeu o equilíbrio por causa dessas manobras equivocadas e pelo deslocamento dos imigrantes a bordo", acrescentou.

O barco afundou por esses motivos, enfatizou o texto. A procuradoria também destaca que o cargueiro português que tentou socorrer os imigrantes "não contribuiu em absoluto para o naufrágio".

O balanço oficial da tragédia é de 24 mortos e 28 sobreviventes, mas o número de desaparecidos soma cerca de 800 pessoas, entre elas crianças e mulheres, segundo organizações humanitárias internacionais.

Em Nova York, o Conselho de Segurança da ONU condenou o pior de uma série de naufrágios no Mediterrâneo e exigiu o fortalecimento da resposta global aos problemas migratórios e ao tráfico de seres humanos.

Os 15 membros do Conselho manifestaram seu apoio aos países do sul da Europa, que enfrentam o fluxo de refugiados e pediram para "fortalecer a resposta global a este desafio comum, com a finalidade de proteger os migrantes de serem vítimas dos traficantes de seres humanos".

Em uma declaração unânime, o Conselho de Segurança condenou "o crime transnacional organizado e as atividades ilícitas como o contrabando de migrantes", ao mesmo tempo que destacou que isto tem um impacto na estabilidade da região.

Na segunda-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, já tinha pedido que a Europa redobre os esforços para enfrentar esta crise e lembrou que Itália, Grécia e Malta "têm a carga mais pesada" ao lidar com a maciça chegada de refugiados.

"O Mediterrâneo se transforma rapidamente em um mar de sofrimento para milhares de imigrantes", disse Ban.

Presos no porão

A justiça não confirmou esta cifra, mas estima em 850 o número de imigrantes a bordo da embarcação, com base em relatos dos sobreviventes e estimativa da tripulação da embarcação portuguesa.

Somente 24 corpos foram recuperados e esse pequeno número de sobreviventes é explicado pelo fato de que muitos imigrantes, em sua maioria mulheres e crianças, estavam presos no porão do barco.

A investigação prosseguirá para determinar o número de mortos, inclusive procedendo à recuperação dos restos da embarcação. O chefe de governo italiano, Matteo Renzi, aludiu a esta possibilidade para "dar uma sepultura decente às vítimas".

"Havia um pouco mais de 800 pessoas a bordo, entre elas crianças de 10, 12 anos. Havia sírios, eritreus, somalis... Saíram no sábado às 08h00 de Trípoli", segundo Carlota Sami, porta-voz na Itália do Alto Comisariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

O porta-voz da Acnur, Adrian Edwards, por sua vez, declarou o naufrágio do barco no domingo frente ao liberal da Líbia é "o incidente mais mortífero no Mediterrâneo já registrado".

Esta cifra foi confirmada por um porta-voz da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Flavio Di Giacomo.

A OIM informou ainda que mais de 1.750 imigrantes perderam a vida no Mediterrâneo no correr do ano, um número 30 vezes maior que no mesmo período de 2014.

"Com a mais recente contagem, a OIM calcula que o número de mortos desde o início de 2015 é atualmente 30 vezes superior ao de 2014 nesse mesmo período, quando foram assinalados 56 mortes de imigrantes no Mediterrâneo", declarou o porta-voz da OIM, Joel Millman, em Genebra.

"A OIM teme que o total de 3.279 mortes de imigrantes em 2014 seja superado este ano em algumas semanas, e possa alcançar os 30.000 até o final do ano, se nos basearmos no balanço atual", acrescentou.

Segundo Edwards, apenas no mês de abril, foram 1.300 mortos, o que estabelece 

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