55 anos E. C. Noroeste Bauru, uma história de carinho





Torcedor ilustre, Sivaldo amor e paixão por um clube "Norusca"

Jornais e emissoras de rádio na inauguração do novo estádio do Noroeste
55 ANOS

Próxima sexta-feira, 5 de junho, aniversário -55 anos- do estádio do E.C.Noroeste, construído pela antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Batizado inicialmente com o nome do competente engenheiro Ubaldo Medeiros, então diretor-superintendente da ferrovia.
 Primeiro jogo, naquele 5 de junho de 1960,  vitória por 3 a 2 no amistoso contra o Palmeiras, último campeão paulista. 
Antes de a bola rolar, solenidade de inauguração atrás das arquibancadas cobertas e das cabines de rádio. A foto mostra a partir da esquerda,repórter Tom Barbosa, da Rádio Panamericana,  engº  Ubaldo Medeiros, o vereador Ivaldo Crivelli, comendador Daniel Pacífico, repórter Jeovah de Oliveira, da Folha do Povo, locutor José Haddad, da Rádio Auri-Verde, e, fora do tablado, braço estendido o repórter da PRG-8 Bauru Rádio Clube, Célio Gonçalves. 
Todos já se despediram, inclusive o engº Ubaldo Medeiros, que, em face das suas ligações políticas. foi cassado pelo comando do Golpe Militar de 1964 e teve seu nome escorraçado dos portões do estádio 
Era a Ditadura Militar chegando ao futebol. 


Em 1974, dois torcedores invadiram o campo do Alfredão superlotado
RECORDE DE PÚBLICO

Logo após o Golpe Militar de 1964, o general que assumiu o comando da antiga Estrada de Ferro Noroeste em Bauru, resolveu mudar o nome do estádio inaugurado em 1960. Em lugar de Ubaldo Medeiros, outra vez Alfredo de Castilho, diretor da ferrovia nas décadas de 1920/30, e nome do velho estádio semidestruído pelo fogo em 1958
À altura de 1974, o Norusca na Primeirona, campeonatos reginais valorizados, o novo Alfredão tinha enchentes de torcedores. Como naquela tarde, na visita do campeão, Palmeiras. Nas bilheterias  22.863 pagantes, mais associados, etc., total de uns 25 mil torcedores.
Superlotação, que caiu, digamos, no desagrado dos dois torcedores mostrados na foto. Eles tentaram ver o jogo dentro do campo. Por isso foram convidados pelos policiais,  a assistirem do lado de lá do alambrado a vitória do Palmeiras por 2 a 1.
Prof. João F. Tidei de Lima/ Memorialista

MEMÓRIA DA BOLA


Ginásio do E.C.Noroeste, superlotado nos jogos de basquete
CONTRASTES

Não dá para ficar indiferente diante do contraste. No chamado Alfredão,capacidade para 25 mil pessoas, os  jogos do atual Norusca, são testemunhados regularmente por  algumas centenas de  sofridos torcedores. 
Ao lado, no ginásio de Esportes, a Panela,   a frequência sempre registraquase três mil simpatizantes  se comprimindo para vibrar com o basquete vitorioso  orientado pelo Guerrinha. 
Vi pela televisão  a decisão da última quarta-feira contra Mogi das Cruzesem Bauru.   Contagiado pela vibração envolvendo técnico,  jogadores  e torcedores, só relaxei depois do apito final e a  vitória bauruense. 
Nos papos com a família, o habitual exercício de memória recuando até 1956, ano da inauguração da Panela, com atração internacional...

Em 1956, na Panela, os Globetrotters .encantaram os bauruenses

INAUGURAÇÃO

Foram duas noites memoráveis de exibições dos internacionaisGlobetrotters, organizados nos Estados Unidos, desde 1927, por militantes negros impedidos de participarem dos campeonatos da Liga Nacional de Basquete do país.
Em 1956, antes do desembarque em Bauru, fizeram duas apresentações no Maracanãzinho do Rio de Janeiro, aplaudidas por 50 mil pessoas. Na nossa  Panela de Pressão, superlotada, deram show, com seus truques e magias frente a um adversário também norte-americano, os Texas Cowboy.
Meses depois, naquele mesmo 1956, Bauru sediou pela primeira vez os Jogos Abertos do Interior, a final do basquete masculino na Panela de Pressão. Frente a frente as seleções de Piracicaba e São Carlos. 
Não esqueço da vitória surpreendente de São Carlos, graças. entre outros fatores, aos arremessos de longa distância do ala Bebeto, baixa estatura, franzino, mas com uma canhota infalível, nocauteando a favorita seleção de Piracicaba.

Prof. João F. Tidei de Lima/ Memorialista

MEMÓRIA DA BOLA

Em 1957 o Flamengo vendeu Evaristo ao Barcelona

ANTES DO NEYMAR...

O primeiro profissional brasileiro que vestiu a camisa do Barcelona, há 58 anos, foi o carioca Evaristo de Macedo Filho,  hoje perto dos 83 anos de idade. 
Depois dele, uma penca de brasileiros, pela ordem Walter Marciano, Marinho, Roberto Dinamite, Romário, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Belletti...Para resumir, Neymar é o 23º  brasileiro que desembarcou no Barcelona.
Voltando ao Evaristo, ele chegou à cidade em 1957 e foi logo escalado no ataque ao lado  dos húngaros Kocsis, Kubala e Czibor. O técnico era o argentino Helênio Herrera (1910-1997), internacionalmente requisitado. Tanto que foi chamado para orientar a Espanha na Copa do Mundo de 1962, e depois a Itália
Evaristo ficou no Barça até 1962; no ano seguinte estava no Real  Madrid. Nas suas origens como jogador do C.R.Flamengo, foi fundamental a presença do treinador paraguaio Fleitas Solich...


Em 1953 o Flamengo contratou o técnico paraguaio Fleitas Solich

...O FEITICEIRO DA GÁVEA.

Completando  9 anos na fila dos títulos estaduais, o C.R.Flamengo, em 1953,  foi ao Paraguai, ainda em festas pela conquista do título sul-americano,  para contratar  o treinador Fleitas Solich (1900-1984), comandante da seleção  campeã.
Don Fleitas SolichEl Brujo, como era conhecido no Paraguai, chegou ao Flamengo e começou a implantar sua filosofia de trabalho, que apostava no futebol ágil e solidário. Para isso, recorria às divisões de base, aos jovens, sem, digamos, os vícios dos veteranos. 
Em pouco tempo revelou nomes como Evaristo, Dida, Zagallo, Paulinho, Duca, Babá...Os resultados não demoraram: Flamengo, tricampeão carioca, em 1953/54/55...façanha em grande parte creditada às magias de Don Fleitas, logo apelidado de Feiticeiro da Gávea.
Na decisão de 1955, contra o América, no Maracanã, surpreendeu com a escalação do novato Dida, de 21 anos, na meia esquerda. Flamengo 4 a 1, três gols do Dida, o maior artilheiro da história do Flamengo, depois do Zico. O alagoano Edvaldo Santa Rosa,  Dida, .morreu em 2002, aos 68 anos. 

Prof. João F. Tidei de Lima/ Memorialista



MEMÓRIA DA BOLA


Em 1959, o ponta direita Julinho sacudiu o Maracanã
VINGANÇA DO JULINHO

Treze de Maio à vista, esta memória esportiva viaja até 1959, meu saudoso pai me levou para conhecer o Rio de Janeiro, ainda a capital do país. Programa obrigatório, a presença  no maior estádio do mundo, o velho  Maracanã lotado por 120 mil torcedores,  jogo com a Inglaterra.
Pelos alto-falantes as escalações, os times entrando em campo, o nosso técnico Vicente Feola tinha escalado o paulista Julinho no lugar do gênio e ídolo carioca Mané Garrincha. Vaia geral, ensurdecedora, meu pai e eu nunca tínhamos ouvido e presenciado coisa semelhante.
Começa o jogo, Julinho logo responde porque entrou em campo: fez 1 a 0, desmontou a Inglaterra, abriu caminho para para o placar final de 2 a 0, levou a torcida ao delírio, aplausos em profusão. 
O ataque, como mostra a foto, tinha Julinho, Didi, Henrique, Pelé e Canhoteiro.

Os dois maiores ponteiros do mundo, Julinho e Garrincha
FORA DO CAMPO

Claro, Julinho e Garrincha disputavam a ponta direita da seleção. Mas, fora do campo tinham uma relação fraterna, sempre temperada pelas brincadeiras do Mané Garrincha (1933-1983).
Júlio Botelho (1929-2003), o Julinho, foi o maior ponta direita da história da Portuguesa de Desportos, da Fiorentina da Itália, do Palmeiras, mas começou a carreira no pequeno Juventus da rua Javari, em São Paulo.
Vestia a camisa 7 do Juventus no jogo amistoso contra o BAC, no extinto estádio Antonio Garcia, em Bauru, em maio de 1950: BAC 5 x Juventus 4. 


Prof. João F. Tidei de Lima/ Memorialista


MEMÓRIA DA BOLA


O goleiro Rosã, da Ferroviária, em ação no Paulistão de 1959

NOS TRILHOS OUTRA VEZ

Fundada por ferroviários em 1950,  a exemplo do que aconteceu com o Noroeste de Bauru em 1910,  a Associação Ferroviária de Esportes de Araraquara, depois de 19 anos está voltando ao convívio com os grandes no Estado de São Paulo.
Retorna à Primeirona, onde, no passado,  brilhou por anos seguidos,revelando jogadores e peitando os grandes, dentro e fora de casa.
No Paulistão de 1959, bateu o Corinthians por 3 a 1 em Araraquara, e no jogo de volta, apesar da derrota - 2 a 0 - valorizou o reencontro contribuindo para superlotar o Parque São Jorge, com 32.419 pagantes, o maior público na história do velho estádio.
Envergando a camiseta grená da Ferroviária, um punhado de revelações, logo negociadas com os grandes clubes, caso do goleiro Rosã, do médio Dudu, do meia esquerda  Bazzani, e do centro-avante Baiano.

Baiano fez sucesso no São Paulo e chegou à seleção
UM CRAQUE....

Entre os jogadores revelados por aquele timaço, 3º colocado no Paulistão de 1959, o mais discreto, quer dizer, o menos espetaculoso e menos badalado pela imprensa, era o centro-avante Baiano. apelido de Carmo Davi.
Contratado em 1961 pelo São Paulo, não demorou para mostrar que ali estava  um craque. Um craque, também artilheiro. Tanto que figurou na primeira convocação do técnico Aymoré Moreira para os treinamentos visando a Copa de 1962 no Chile.
Não ficou entre os 22 que embarcaram mas retornou ao Tricolor para ser o seu principal atacante durante duas temporadas.
Aos 25 anos teve a carreira encerrada por problemas cardiológicos. Sobreviveu algum tempo na profissão de alfaiate até o ingresso no Banespa, onde se aposentou..

Prof. João F. Tidei de Lima/ Memorialista

MEMÓRIA DA BOLA


Em 1952, o argentino Negri falava ao repórter Fiori Gigliotti, da Bandeirantes
OS GRINGOS DECIDINDO...

Segundo boatos, o São Paulo F.C. está na iminência de contratar, outra vez, um técnico argentino. A velha guarda conhece as origens dessa tradição. 
Lá por 1952/53 assinou contrato Alejandro Galán, o popular Jim Lopes (1922-1979),.nascido em Buenos Aires. 
De olho no título do Paulistão de 1953, o Tricolor também  foi buscar  atacantes argentinos. Um deles, Moreno, foi logo descartado. Mas, o outro, Gustavo Albella, emplacou e virou ídolo da torcida, ganhando até um apelido, El Atômico
Para o meio-campo, Jim Lopes apostava em outro compatriota, o armador Juan José Eufêmio Negri, logo escalado para compor um competente trio com os médios Bauer e Pé de Valsa.
O título paulista de 1953 chegou com vantagem folgada de 7 pontos sobre o vice Palmeiras.


Este Santos, com o armador Negri, foi campeão em 1955.
...TAMBÉM NA VILA

Em 1955 o Santos F.C. somava 20 anos desde a conquista do último Paulistão em 1935.
Presidido pelo deputado Athiê Jorge Cury e contando com o dinheiro de outro dirigente, o dono de empresa naval, Modesto Roma, montou um time de respeito, orientado por Luís Alonso, o popular Lula.
Catorze disputantes, todos contra todos, em dois turnos....campeonato decidido na última rodada, 2 a 1 contra o Taubaté, na Vila Belmiro,  jogo arbitrado por João Etzel Filho. 
Foi valiosa a experiência do argentino Negri que até dois anos atrás vestia a camisa do São Paulo. No jogo decisivo da Vila, o Santos apresentou a formação da foto: em pé, da esquerda para a direita, Ramiro, Urubatão, Helvio, Formiga, Manga e Feijó; agachados, Tite, Negri, Alvaro, Del Vecchio e Pepe. 


Prof. João F. Tidei de Lima/ Memorialista

MEMÓRIA DA BOLA

Em 1959, esse timaço do Noroeste massacrou o Corinthians
UM NOROESTE DEMOLIDOR

Hoje segue, sem rumo, na  4ª Divisão. Mas, na temporada de 1959,  20 times disputando o Paulistão, o cenário era diferente. E.C.Noroeste, fundado por trabalhadores da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, às vésperas do seu cinquentenário justificava, como nunca, o apelido de Demolidor Ferroviário.

Classificou-se em 7º  lugar, ficou entre os 4 primeiros do Interior, recebendo os visitantes no extinto estádio Antonio Garcia, emprestado pelo  BAC, e palco de exibições memoráveis.

Além da vitória (1 a 0) sobre o São Paulo, e uma dramática derrota (4 a 3) imposta pelo super Santos de Pelé, Zito, Pepe & Cia, não dá para esquecer o pega contra o  Corinthians dos campeões mundiais Gylmar e Oreco.

Primeiro tempo, Norusca 3 a 0; placar final, a histórica goleada por 6 a 3,  com arbitragem de Olten Ayres de Abreu, estádio superlotado. O técnico Renganeschi  escalou o time da foto: em pé, a partir da esquerda, Pedro, Fernando, Geraldo, Gaspar, Vila, e Julião; agachados, Batista, Ranulfo, Gomes, Maneca e Gelson..

Parte desse time já se despediu. Anos atrás cruzei com o  Gelson, na companhia do ex-noroestino Warley, em Bauru,  ambos vendendo saúde.  O meia Maneca, perto de completar 82 anos, também firme e forte, mora com a família em Ribeirão Preto.

 
Em 1955, o ex-noroestino Zé Carlos também foi centro-avante da Lusa
A LENDÁRIA PORTUGUESA
Ano passado, caiu da Série B para a Série C do Brasileirão. Na última 4ª  feira despediu-se do Paulistão, despencando para a Série A-2.
Hoje. a outrora grande Portuguesa de Desportos não passa de uma lenda. Militante da velha guarda, como o amigo lusófilo Pedro Carvalho, tenho vivas na lembrança
as imagens daquela temível Portuguesa.

Costumava surrar os campeões do Estado. Em 1951, enfiou 7 a 3 no Corinthians. Em 1955, a  vítima foi o Santos, 8 a 0. Em 1957, no Pacaembu, lotado, o gaúcho Alfeu, fez todos os gols na goleada de 4 a 0 contra o São Paulo.

O ex-noroestino José Carlos Coelho,, o Zé Carlos, entre 1955 e 1959, era uma espécie de coringa de luxo da Lusa. Escalado praticamente em todas as posições do ataque. Como em 1955, segundo a foto: da esquerda para a direita, Liminha, Zé Amaro, Zé Carlos, Ipojucã e Edmur.

Em Bauru, a partir de 1960, Zé Carlos sempre foi estrela nas várias formações do Norusca. Invariavelmente é escalado no melhor Noroeste de todos os tempos . Cabeça e  preparo físico em órdem, continua em atividade nas promoções esportivas do município.  
Prof. João F. Tidei de Lima/ Memorialista 

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