Desde domingo, motoristas de Bauru estão sentido no bolso mais um aumento nos combustíveis. De R$ 2,19, o preço do etanol nas bombas saltou para R$ 2,49. Já a gasolina aumentou de R$ 3,39 para R$ 3,49 em alguns estabelecimentos. A alta deve ser observada com atenção pelos consumidores, pois em vários postos visitados pelo JC, ontem, o preço já faz com que o etanol deixe de ser vantajoso. Para saber se a gasolina ainda compensa, basta fazer uma conta simples e rápida (confira no quadro abaixo).
E o cenário de aumento de preços deve se intensificar pelas próximas semanas, é o que alerta o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sincopetro) local. A entidade afirma que que o reajuste tanto do etanol quanto da gasolina teve como base a majoração de uma alíquota aplicada pelo governo federal, desde 1 de novembro, no indicador chamado de Preço Médio Ponderado a Consumidor Final (PMPF) de combustíveis, que já teria sido repassado aos postos pelas distribuidoras no último final de semana.
“Estamos vivendo uma onda de aumento a cada 15 dias por decisões do governo. O preço de custo da gasolina reajustou em quase R$ 0,20. E o etanol, como já está em falta no mercado por conta da colheita que foi prejudicada pelas chuvas, também acabou aumentando. O diesel também foi reajustado em R$ 0,08, o que provocará nova elevação já já”, explica Edivaldo Tuschi, diretor do Sincopetro. “Considerando que estamos quase em dezembro, época em que as usinas param de moer e voltam só em março, mais aumentos poderão vir”, acrescenta.
Melhor preço
Para abastecer mais barato em Bauru, muitos motoristas têm optado por estabelecimentos que não ofereçam serviços adicionais e que aceitam apenas dinheiro como forma de pagamento.
É o caso do aposentado João Jair Bertoni, 66 anos, que enfrentou fila para abastecer em um posto sem bandeira na região do Bela Vista. Ontem, o estabelecimento comercializava etanol a R$ 2,01 e gasolina a R$ 3,10. “Abasteço aqui há dez anos e nunca tive problema. Por isso, prefiro ficar na fila e pagar mais barato”, comenta.
Questionado sobre o preço, um dos funcionários informou que os valores seriam reajustados hoje em aproximadamente R$ 0,10. “Nunca passa disso. O dono consegue um preço melhor porque negocia em dinheiro com as distribuidoras”, informou, pedindo para não ser identificado.
Na Duque de Caxias, o mesmo preço era praticado por um posto da mesma rede, que também registrou filas.
Conforme conta feita pela reportagem, nestes casos, o etanol ainda compensaria.
Pelo Atendimento
Já na avenida Nações Unidas, ao menos três postos estavam com o etanol a R$ 2,49 e gasolina R$ 3,39, ontem.
Sobre o aumento do etanol, o gerente de um desses postos, que trabalha há 14 anos no ramo, disse que o valor foi reajustado com base no repasse feito pelas distribuidoras. “O custo aumentou de 1,95 para R$ 2,08. Não tivemos como não repassar. Apostamos na qualidade do atendimento”, fecha questão o gerente de 35 anos, que também não quis ter o nome divulgado.
Atendimento que levou a funcionária pública Bruna Petta Daud, 32 anos, optar pelo preço mais alto. “Precisava abastecer em um posto que me atendesse bem, que pudesse jogar uma água no meu carro e que tivesse um funcionário disposto a me ajudar a colocar de volta a placa, que caiu no caminho”, afirma.
Apesar de a condutora ter abastecido com etanol, neste caso, a gasolina compensaria mais. Na região da avenida Getúlio Vargas, zona Sul de Bauru, alguns estabelecimentos praticavam preço com diferença de R$ 1,00 entre a gasolina e o etanol, comercializados a R$ 2,49 e R$ 3,49, respectivamente. Valor que também coloca a gasolina como mais vantajosa.
Na avenida Nuno de Assis, alguns estabelecimentos ainda não tinham reajustado as tabelas, que continuavam variando entre R$ 2,19 e R$ 2,29 o etanol e entre R$ 3,29 e R$ 3,39 a gasolina.
Em 2 meses...
Conforme as últimas reportagens do JC sobre o assunto, em setembro, o etanol chegava a R$ 1,89 nas bombas em Bauru. Menos de dois meses depois, o combustível aumentou para R$ 2,49, uma diferença de até R$ 0,60. Já a gasolina, após reajuste anunciado pela Petrobras de 6%, passou de R$ 3,19 a R$ 3,39 no início de outubro. O aumento também acometeu o óleo diesel, que aumentou 4%.
O governo alega que a elevação teve como estratégia a recuperação da situação financeira da companhia.
Pesquisa ANP
Em sua última pesquisa realizada em Bauru, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) apontou que a variação de preços de venda do etanol na cidade, entre 25 e 31 de outubro, era de R$ 2,14 e R$ 2,35. Já a variação da gasolina era entre R$ 3,14 e 3,39 no mesmo período. O preço de custo dos dois produtos nas distribuidoras variava entre R$ 1,60 e R$ 1,95 e R$ 2,78 e 2,95, respectivamente.
Edvaldo Tusch, diretor do Sincopetro, afirma que, com o reajuste baseado na PMPF, o custo dos dois combustíveis subiu para patamares entre R$ 2,08 e 2,15 e R$ 3,12 e 3,15, respectivamente.
“Há postos praticando muito menos que o custo e ninguém sabe como. No Estado, todo o preço já estava entre R$ 3,50 e R$ 2,30 há tempos”, critica Tuschi. “Quem tem posto e lida com cartão de crédito aqui está em situação difícil, porque, além de pagar uma taxa de R$ 0,13 da venda, só recebemos daqui a 30 dias, até lá o produto já aumentou e temos que arcar com o prejuízo”, finaliza.
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