SUS oferecerá melhor tratamento do mundo para pacientes com HIV/Aids, Brasil



A partir do ano que vem, o Ministério da Saúde vai fornecer o medicamento antirretroviral Dolutegravir. O remédio é o mais indicado para o tratamento de HIV/Aids pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e será oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Cerca de 100 mil pacientes portadores do vírus receberão o tratamento.
“Estamos ousando oferecer o melhor tratamento do mundo pelo menor preço possível”, destacou o ministro da Saúde, Ricardo Barros, durante a cerimônia de anúncio do novo medicamento. Segundo o ministro, esse é um desafio para todas as áreas da pasta, e não apenas para o combate ao HIV e Aids.
“Temos a clareza de que é possível fazer mais com os recursos que temos disponíveis. A nossa política é ousar e a marca de nossa gestão é oferecer mais eficiência, possibilitando melhorar o tratamento e a oferta de medicamentos no SUS com menor custo, sem onerar o orçamento”, ressaltou o ministro.
A partir da negociação com a indústria farmacêutica GSK, a pasta conseguiu reduzir em 70% o preço do medicamento, de US$ 5,10 para US$ 1,50. Assim, a incorporação do Dolutegravir não altera o orçamento atual do Ministério da Saúde para a aquisição de antirretrovirais, que é de R$ 1,1 bilhão. Mantidas as negociações atuais para todos os tratamentos com antirretrovirais, a estimativa do Ministério da Saúde é de uma economia de R$ 5 milhões.
Para a diretora do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, Adele Benzaquen, mais importante do que reafirmar o papel do País na vanguarda da condução da política de combate ao HIV e Aids, a incorporação do Dolutegravir reforça o compromisso maior do Ministério da Saúde de oferecer às pessoas que vivem com HIV e Aids a melhor tecnologia existente de forma sustentável.
“O Dolutegravir apresenta uma série de vantagens para essas pessoas. Além de potência muito mais alta, o novo medicamento apresenta um nível muito baixo de eventos adversos” esclareceu a diretora. Além disso, a diretora reforçou que o novo medicamento também apresenta maior eficácia ao longo do tempo, o que acarreta o menor aparecimento de vírus resistentes ao longo do tratamento. “Isso possibilita maior qualidade de vida aos pacientes ao longo dos anos”, reforçou a diretora.
Efeitos colaterais
O novo medicamento apresenta um nível muito baixo de eventos adversos, o que é importante para os pacientes que devem tomar o medicamento todos os dias, para o resto da vida. Com menos eventos adversos, os pacientes terão melhor adesão e maior sucesso no tratamento.
O diretor do Departamento de HIV, da Organização Mundial de Saúde (OMS), Gottifried Hirnschael, por meio de mensagem em vídeo, destacou que desde os primeiros dias da epidemia global de HIV, o Brasil foi pioneiro ao introduzir as mais inovadoras intervenções, com criatividade e eficiência. De acordo com ele, “o Brasil também esteve entre os primeiros países, no fim de 2013, a introduzir a política de ‘tratar todos’ e oferecer tratamento a todas as pessoas HIV positivas o mais cedo possível”, disse Gottifried Hirnschael.
Sobre a incorporação do novo medicamento no SUS, Gottifried ressaltou que “a OMS está feliz com o anúncio de que o Brasil é um dos primeiros países a introduzir o dolutegravir, um dos mais recentes tratamentos, no seu programa nacional. A OMS recomenda o uso desse medicamento para aumentar ainda mais a qualidade do tratamento do HIV”, afirmou. Para ele, com a implementação dessa nova política, o Brasil será capaz de melhorar a saúde e o bem-estar de milhões de pessoas vivendo com HIV e irá inspirar outros países a fazer o mesmo.
Tratamento
Inicialmente, o novo medicamento será ofertado no SUS a todos os pacientes que estão começando o tratamento e também aos pacientes que apresentam resistência aos antirretrovirais mais antigos. A expectativa é que, em 2017, cerca de cem mil pacientes iniciem o uso do novo remédio.
Já incorporado ao SUS pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), o medicamento será incluído ao novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Manejo da Infecção pelo HIV, que será atualizado ainda neste ano.
Atualmente, o esquema de tratamento das pessoas na fase inicial é composto pelos medicamentos tenofovir, lamivudina e efavirenz, conhecido como 3 em 1. A partir de 2017, o dolutegravir associado ao 2 em 1 (tenofovir e lamivudina) será indicado no lugar do efavirenz para pacientes que iniciem tratamento e aqueles que apresentam resistência aos medicamentos mais antigos.
Panorama
Desde o começo da epidemia, o Brasil registrou 798.366 casos de Aids, acumulados no período de 1980 a junho de 2015. No período de 2010 a 2014, o Brasil registrou 40,6 mil casos novos por ano, em média. Em relação à mortalidade, houve uma queda da taxa de mortalidade por Aids de 10,9% nos últimos anos, passando de 6,4 por 100 mil habitantes em 2003 para 5,7 em 2014.

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