Bob Dylan, 75 anos, foi premiado por ter criado "novos modos de expressão poética dentro da grande tradição da música americana", anunciou a secretária-geral da Academia, Sara Danius
O cantor e compositor americano Bob Dylan, trovador cuja obra influencia há meio século o mundo do folk-rock, foi anunciado nesta quinta-feira como o vencedor do Nobel de Literatura e se tornou o primeiro músico premiado pela Academia Sueca.
Ao defender a decisão da Academia, ela destacou que ocorreu uma "grande coesão" entre os membros do júri sobre a escolha de Dylan. "É parte de uma grande tradição que remonta a William Blake", o famoso poeta inglês morto em 1827, disse a secretária, que citou "Visions of Johanna" (Visões de Johanna) e "Chimes of Freedom" (Sinos de Liberdade). "Tem um dom extremo da rima. É um sampler literário que convoca a grande tradição e pode combinar de forma absolutamente inovadora músicas de gêneros distintos", completou.
O presidente Barack Obama classificou nesta quinta Bob Dylan como um de seus "poetas favoritos", ao felicitá-lo pelo Nobel de Literatura. "Felicitações a um dos meus poetas favoritos, Bob Dylan, por um bem merecido prêmio Nobel", escreveu na conta da presidência americana na rede social Twitter. Em sua mensagem, Obama disponibilizou um link para uma lista com 75 músicas na rede Spotify, que incluía clássicos de Dylan como "Blowin' in the wind", "The times they are a'changin'", "Like a rolling stone", e "Mr. Tambourine man", entre outras.
Com seu folk-rock de letras inspiradas, os óculos escuros e a voz rouca, o cantor e compositor é uma lenda viva da música popular americana do século XX, um pioneiro da canção de protesto e uma influência gigantesca para gerações de artistas. De trovador folk dos bares do Greenwich Village, em Nova York, no início dos anos 1960 até a superestrela condecorada em 2012 por um de seus grandes fãs, o presidente americano Barack Obama, Robert Allen Zimmerman sempre seguiu o próprio caminho musical, rebelde e imprevisível.
"Like A Rolling Stone", o neto de imigrantes judeus naturais da Rússia, nascido em 24 de maio de 1941 em Duluth (Minnesota), continua, aos 75 anos, viajando pelo mundo com sua gaita e guitarra na turnê "Never Ending" (iniciada em 1988) e que terá o próximo show na quinta-feira em Las Vegas. Em maio, o artista lançou o 37º álbum de sua carreira, "Fallen Angels", no qual interpreta standards da canção americana popularizados por Frank Sinatra. Em sua juventude, como vários adolescentes americanos, Dylan foi seduzido pelo rock e artistas como Elvis Presley e Jerry Lee Lewis, antes de formar o próprio grupo.
Em 1959, quando estudava na Universidade de Minneapolis, descobriu os pioneiros do blues, do country e do folk: Robert Johnson, Hank Williams e Woody Guthrie. A partir deste momento adota o nome artístico de Bob Dylan. O cantor e compositor abandona os estudos e em 1961 se muda para Nova York, onde passa a frequentar o ambiente musical embrionário do Greenwich Village. Seu primeiro álbum "Bob Dylan" (1962) foi um fracasso.
O sucesso começaria a ser vislumbrado em 1963 com o álbum "The Freewheelin' Bob Dylan", que apresenta duas canções de protesto, "Blowin' in the Wind", música que se tornou um hino contra a guerra do Vietnã em poucos anos, e "A Hard Rain's A-Gonna Fall". Em 1963 Dylan participa na Marcha sobre Washington organizada por Martin Luther King. No final dos anos 1970, Dylan se converteu ao cristianismo, o que surpreendeu os fãs.
Dylan, primeiro músico laureado pela Academia desde a criação do Prêmio Nobel de Literatura em 1901, sucede a bielorrussa Svetlana Alexievich, vencedora em 2015. O Nobel de Literatura, que encerra a temporada 2016 da premiação, concede ao vencedor a quantia de oito milhões de coroas (822.000 euros).
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