Fúria do furacão Matthew varre cidades desertas no estado da Flórida

Embora tenha perdido força, Matthew continua sendo um furacão "extremamente perigoso", que deixou um milhão de pessoas sem energia elétrica


 Mark Wilson/Getty Images/AFP
 

A fúria do furacão Matthew era sentida nesta sexta-feira (7/10) no litoral da Flórida, provocando inundações e cortes de energia em cidades desertas após as evacuações em massa que precederam sua chegada.
Embora tenha perdido força, Matthew continua sendo um furacão "extremamente perigoso", que deixou um milhão de pessoas sem energia elétrica na Flórida e rodeava Jacksonville ao anoitecer da sexta-feira com ventos máximos sustentados de 175 km/h.

Autoestradas e ruas estavam desertas, lojas fechadas e não se via viva alma na intempérie. Algumas árvores foram arrancadas pela raiz e cidades costeiras estavam sob toque de recolher e com as pontes fechadas.

Em um comunicado publicado às 17h30 locais (18h30 de Brasília), a cidade de Jacksonville alertou para a possibilidade de tornados e informou que estavam ocorrendo "importantes inundações com danos significativos em toda a cidade".

Mais ao sul, as ruas da cidade costeira de St. Augustine, a mais antiga da Flórida, fundada pelos espanhóis no século XVI, estavam inundadas pela água do mar.

As praias estavam fechadas, não só para nadadores ou surfistas como também para os socorristas, após as autoridades insistirem que todos os que permanecessem nas zonas de evacuação estariam "por sua conta".

As equipes de resgate não atenderão chamadas de emergência nas áreas de evacuação obrigatória - no litoral e nas margens dos rios - até que seu acesso seja seguro.

Um casal que desafiava a ordem de evacuação em Atlantic Beach, a leste de Jacksonville, se aventurou a ir à praia para verificar o estado do bote de um vizinho.

"Adoro isto aqui, vivi aqui toda a minha vida", disse Graig Fairbairn à AFP, gritando, quase inaudível pelo vento. "Temos uma casa de concreto e acredito que ficaremos bem".

Todas as pontes da área, nos condados de St. Johns e Duval, estavam fechadas. A zona, onde desemboca o rio St. Johns, é um encontro de rios e córregos que conduzem suas águas até o Atlântico.

O rio começava a inundar suas margens e alguns cais e marinas já estavam debaixo d'água.

Os hóspedes que deixaram os hotéis vizinhos se reuniam em lobbys escuros, sem luz nem nada para fazer além de conversar sobre antigas tempestades, enquanto crianças brincavam despreocupadamente nos corredores.

Vem a inundação

As autoridades advertiram na manhã desta sexta-feira que, apesar de os ventos de Matthew terem diminuído em sua força até se tornar um furacão de categoria 3, espera-se que o nível dos rios aumente em até três metros.

"Mesmo que a tempestade tenha enfraquecido, ainda haverá a inundação", disse o prefeito de Jacksonville, Lenny Curry, em uma coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira.

Referindo-se às ordens de evacuação, que afetam quase 500.000 pessoas - um terço das quais acredita-se não tenham obedecido - o prefeito acrescentou: "Já perdemos esta janela, agora peço a vocês que fiquem onde quer que estejam".

O governador Rick Scott também disse que estava "especialmente preocupado" pelas cheias esperadas no rio St. Johns.

Após deixar um dramático balanço de 400 mortos no Haiti, Matthew fez suas primeiras vítimas na Flórida na sexta-feira. A tempestade impediu a resposta dos socorristas, que tentaram atender uma mulher de 58 anos e um homem de 82 que precisavam de ajuda médica.

Uma terceira vítima, uma mulher do condado de Volusia, morreu quando uma árvore caiu sobre seu trailer.

Na quinta-feira, os abrigos estavam lotados em uma corrida frenética para salvar pessoas e mascotes do "potencialmente desastroso" furacão.

O maior refúgio de St. Augustine alcançou o limite de sua capacidade com 500 pessoas e as autoridades negavam a entrada de hóspedes frustrados, que deveriam voltar em meio a chuva e com os travesseiros debaixo do braço.

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