BnR. Carne vencida éra 'maquiada' e vendida no Brasil e no exterior, diz PF

Principais frigoríficos do país são investigados na Operação Carne Fraca. A Justiça Federal do Paraná também determinou o bloqueio de R$ 1 bilhão das investigadas


 
Alguns dos principais frigoríficos do país estão na mira da Operação Carne Fraca, que cumpre hoje 309 mandados judiciais em seis estados e no Distrito Federal. A ação da Polícia Federal, em conjunto com a Receita Federal e o Ministério Público Federal (MPF), investiga o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), a partir de superintendências federais da Agricultura em vários estados, em um esquema criminoso que liberava licenças e fiscalização de frigoríficos de modo irregular.
 
Há indícios de que as empresas investigadas, que têm mais de 60% do mercado de carnes no país, tenham vendido até carne com prazo de validade vencido, maquiadas com ácido ascórbico para disfarçar o cheiro e embaladas com novo prazo de validade, de acordo com o delegado federal Maurício Moscardi Grillo. Outros produtos, como lotes de frango, eram moídos com papelão e há relatos de que até água era injetada na carne para que o peso aumentasse, além de ser verificada a falta de proteína na carne. As vendas desses itens ocorriam tanto no Brasil quanto no exterior. A Justiça Federal do Paraná determinou o bloqueio de R$ 1 bilhão das investigadas.
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De acordo com a PF, a "Carne Fraca" é, em números, a maior apreensão do tipo já realizada pela corporação no país. A investigação, iniciada há quase dois anos, indica que empresas do setor como BRF Foods, proprietária das marcas Sadia e Perdigão, e JBS, dona da Friboi e da Seara, estão entre as envolvidas no crime. Executivos das duas empresas foram presos hoje. De acordo com a Receita Federal e a PF, além dos 309 mandados expedidos pelo Juízo Federal da 14ª Vara Federal de Curitiba, são cumpridos mais de 190 mandados de busca e apreensão em empresas e residências dos principais envolvidos.
 
O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, é um dos citados na investigação da Carne Fraca. Em áudios interceptados pela PF, ele conversa com o suposto líder do esquema, chamando-o de "grande chefe". O ministro, no entanto, não é investigado. Em sua decisão, o juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, diz que o envolvimento do Ministério da Agricultura é "estarrecedor" e que o órgão "foi tomado de assalto - em ambos os sentidos da palavra - por um grupo de indivíduos que traem reiteramente a obrigação de efetivamente servir à coletividade."

O esquema seria liderado por servidores ocupantes de cargos de chefia e administração da Superintendência do Ministério da Agricultura no Paraná. Com a participação de outros funcionários a eles subordinados, estariam recebendo propinas pagas por executivos ou diretores de empresas. Segundo a investigação da PF, os fiscais agropecuários que se negavam a compactuar com a organização criminosa eram afastados do trabalho, substituídos ou até exonerados das funções, substituídos por outros que faziam o trabalho ilegal continuar. Além da corrupção cometida por esses agentes públicos e empresários, a operação inclui também crimes contra Saúde Pública. 
 
De acordo com o documento expedido pela 14ª Vara Federal de Curitiba, parte das irregularidades foram relatadas por administradores da empresa Primos Agroindustrial Ltda, localizada em Bocaiúva do Sul (PR), que reclamavam sobre a exigência do pagamento de propinas a agentes fisicas e agentes de inspeção, chamadas de "ajuda de custo", para que fossem emitidos certificados para as cargas entregues em Curitiba (PR). "Prática essa que seria comum a todos os frigoríficos fiscalizados pelo MAPA no Estado do Paraná, inclusive com valor estabelecido pelo próprio MAPA, por meio do Superintendente Federal de Agricultura", diz o documento. 

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