BnR. Confira a reação dos suspeitos citados na lista de Janot

Alguns políticos se manifestaram através de notas, mas outros preferiram ficar em silêncio

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Padilha, que voltou ao trabalho na segunda, preferiu não se manifestar
A esperada e temida lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, confirmou as expectativas que pairavam sobre o Palácio do Planalto e reforçou a nuvem de apreensão em cima do governo. A relação de pedidos de inquérito enviados por Janot ao Supremo Tribunal Federal (STF) incluiu o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que retornou ao trabalho na segunda-feira, após passar três semanas em licença médica, e decidiu não se manifestar sobre a entrega. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, alvo de investigação, também decidiu não se pronunciar. A lista atingiu ainda outros ministros: os titulares das Cidades, Bruno Araújo (PSDB-PE), da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, e das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, são alvos de pedido de investigação.

Antes de Janot enviar os documentos ao STF, já havia a expectativa de que Moreira e Padilha seriam incluídos na relação. O ministro da Casa Civil foi citado em depoimentos de ao menos dois ex-funcionários da Odebrecht e no depoimento de José Yunes, amigo e ex-assessor de Temer. Padilha é citado na delação premiada do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, o qual alega ter repassado diretamente a Padilha R$ 4 milhões, para o custeio de campanhas do PMDB em 2014.

Em outro depoimento, prestado no último domingo no âmbito da ação do TSE, o ex-funcionário da Odebrecht José Carvalho Filho afirmou ter negociado o pagamento do montante, entregue em espécie em endereços indicados pelo ministro, por meio de senha. Uma parte do valor teria sido entregue ao ex-assessor e amigo de Temer José Yunes, que relatou em depoimento ter recebido em setembro de 2014 um “pacote” em seu escritório das mãos do operador Lúcio Funaro, a pedido de Padilha.

Moreira Franco, nomeado ministro e consequentemente beneficiado com foro privilegiado três dias após a divulgação de citações ao seu nome, também preferiu não se manifestar. No Planalto, as citações já eram esperadas. Há a avaliação de que os casos são individuais. “Existem casos que a situação vai se normalizar. Em outros, evidentemente, a situação será dramática”, avaliou um interlocutor palaciano. Temer definiu um corte no qual o ministro, se for denunciado, terá de ser licenciado temporariamente e, caso vire réu, afastado em definitivo.

Outro ministro envolvido, Bruno Araújo, titular das Cidades, enviou nota e afirma que solicitou doações a empresas, inclusive a Odebrecht, de acordo com a lei eleitoral. “O sistema democrático vigente estabelecia a participação de instituições privadas por meio de doações. Mantive uma relação institucional com todas essas empresas”, disse Araújo. Nunes Ferreira disse que requereu acesso aos depoimentos que tratam de seu nome, “mas não vai se manifestar até conhecer o teor do documento”. Já Kassab disse que defende as investigações, mas é preciso cautela com “as afirmações de colaboradores, que não provas”.

Além de atingir em cheio o Palácio do Planalto, a PGR acertou também o Parlamento com pedidos de inquérito contra os senadores tucanos Aécio Neves (MG) e José Serra (SP). Aécio disse que, na condição de presidente do partido “buscou apoio para candidatos sempre dentro do que determina a legislação”. Serra não se manifestou. Há pedidos de investigação também sobre os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), além do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), e o senador peemedebista Edison Lobão (MA).

Em nota, o presidente do Senado informou que “recebe com absoluta serenidade e confiança na Justiça o envio ao STF da lista de Janot e afirma que o Judiciário tem instrumentos de apuração, maturidade e firmeza para distinguir mentiras ou versões alternativas e a verdade dos fatos”. “Pedidos de investigação não convertem investigados em réus e nem são sentenças proferidas”, diz a nota.

Outro que já apareceu na delação de Cláudio Melo Filho, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), encerrou a sessão plenária próximo das 20h e saiu apressado para a residência oficial, sem conversar com os jornalistas que corriam atrás dele pelo Salão Verde. “É preciso investigar tudo, deixar tudo às claras. Eu sempre defendi isso e vou continuar defendendo sem qualquer tipo de preocupação”, garantiu o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), um dos citados no depoimento do ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho.
 
Memória
A secretária da propina
Presa na Operação Acarajé, a 22ª fase da Operação Lava-Jato, em 22 de fevereiro do ano passado, e após 10 dias na cadeia, Maria Lúcia Tavares, ex-funcionária de confiança de Marcelo Odebrecht, é a responsável por ter entregado ao Ministério Público Federal (MPF) a existência de um departamento exclusivo para o pagamento de propinas na empreiteira. Funcionária da Odeberchet por 11 anos, Maria Lúcia detalhou, em colaboração premiada, como funcionava o “Setor de Operações Estruturadas”.

Segundo ela, os funcionários recebiam uma planilha com codinomes, valores e a data da entrega. Ao receber os endereços indicados, ela repassava em espécie para o “prestador de serviço”. Maria Lúcia afirma que só conhece um nome entre as alcunhas, que seria o “Feira”, da mulher do marqueteiro João Santana, Mônica Moura. Depois que ela entregou o esquema, ex-executivos da empresa começaram a negociar delações premiadas.

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