Com cerca de 20 homens, a quadrilha utilizou caminhões e até uma retroescavadeira para bloquear ruas no entorno da empresa Prosegur, no bairro Campos Elíseos, a apenas dois quilômetros do quartel da Polícia Militar na cidade. O grupo detonou explosivos e trocou tiros com a polícia por cerca de uma hora. Há marcas de tiros de metralhadoras calibre 50 –usadas em baterias antiaéreas– e fuzis em imóveis das redondezas.
O ataque ocorreu por volta das 4h e deixou a região da empresa no escuro, após os criminosos atirarem em cinco transformadores de energia elétrica. Ao menos 2.000 imóveis ficaram sem energia.
Às 7h40, 95% das unidades atingidas tiveram o serviço normalizado devido a manobra na rede, que garantiu o fornecimento de energia aos clientes por outras fontes. O acesso ao local está interditado pelas autoridades policiais, o que impede as equipes da CPFL de fazerem os reparos no local neste momento.
Bandidos explodem empresa de valores em Ribeirão Preto |
Foram ouvidas ao menos três explosões no local e, na fuga, atearam fogo em veículos para dificultar a ação policial. Após a ação, a quadrilha fugiu rumo à rodovia Anhanguera. No anel viário da cidade, policiais rodoviários estavam posicionados para tentar interceptar os criminosos e foram atacados pela quadrilha.
Segundo relatos feitos à Folha, os policiais se deitaram para não serem atingidos e o cabo Tarcisio Wilker Gomes, ao tentar se levantar para pegar o rádio do veículo e pedir apoio, foi atingido com um tiro na cabeça.
Ele foi socorrido ao HC (Hospital das Clínicas) de Ribeirão, mas morreu. Casado e pai de uma criança de oito anos, Gomes estava no policiamento rodoviário havia 13 anos. A avenida da Saudade, onde fica a empresa, só foi liberada para o tráfego por volta das 8h desta terça.
PÂNICO
O clima nos bairros próximos ao ataque foi de pânico, e moradores relataram tiros de forma ininterrupta por mais de três minutos. "Era uma guerra, mas ao vivo. Nunca imaginei passar por isso", disse o aposentado José Carlos de Castro.
Segundo vizinhos, os assaltantes estavam encapuzados e, na fuga, além de matarem o policial acertaram um tiro de raspão num motorista e atearam fogo em veículos.
Em um dos casos, um suposto morador de rua, Ubiratan Soares Berto, 38, sofreu queimaduras e está internado em estado grave na unidade de emergência do HC.
"Só vai amenizar isso se melhorar o armamento dos vigias. Não dá para combater arma que derruba helicóptero com revólver 38", disse João Batista Marcon de Castro, diretor regional do Sindforte (sindicato dos vigilantes).
O cenário da avenida pós-ataque nesta terça era devastador. Além da destruição no prédio da Prosegur, estabelecimentos comerciais num raio de 100 m sofreram abalos em sua estrutura ou tiveram portas ou vidros quebrados.
Após encerrada a ação, muitos curiosos foram ao local, alguns para recolher cápsulas deflagradas para guardar como "souvenir".
A Prosegur apenas informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que nenhum de seus funcionários foi ferido e que está colaborando com as investigações. A quantia levada não foi informada.
A Anhanguera está parcialmente interditada para o trabalho da perícia. O veículo dos policiais permaneceu no local até o final da manhã e a área, que estava isolada, já foi liberada.
A Avenida Saudade também está bloqueada ao trânsito próximo à Rua Romeu Ceoloto, onde está localizada a empresa de valores. Um caminhão estacionado no local, com marcas de tiros, está sendo periciado.
O Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) de São Paulo foi chamado para retirar um explosivo que foi deixado pelo grupo dentro do prédio da Prosegur.
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