A abertura da Olimpíada do Rio foi elogiada por jornalistas e comentaristas estrangeiros, que destacaram o clima festivo no estádio do Maracanã e a criatividade dos organizadores para planejar a cerimônia com um orçamento limitado.
Para o diário espanhol El País, a cerimônia foi "espetacular" e celebrou a "tradição mestiça do país" ao citar os vários povos que formaram a nação.
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Segundo o veículo, os brasileiros temiam uma catástrofe na abertura, "mas, durante ao menos uma hora, o Brasil deu um respiro".
"A crise política e a recessão econômica ficaram nas portas do Maracanã - lotado, por certo - para celebrar a heterogeneidade e a vitalidade do país", afirma o texto.
Orçamento apertado e alto astral
Para o jornal The Washington Post, a abertura da Olimpíada teve "orçamento apertado, mas alto astral".
O jornal afirma que os organizadores tiveram um décimo dos recursos da cerimônia da Olimpíada de Londres, em 2012, mas compensaram com um bom uso de luzes, fogos de artifício, acrobatas circenses e uma "cantoria de samba típica do estilo festivo desse país".
Acompanhando a abertura no Maracanã, um repórter do The New York Timeselogiou os organizadores por evitar "versões higienizadas da história" e citar a escravidão, que durou quase 400 anos no Brasil.
Mas ele criticou a parte sobre o aquecimento global, que considerou "desanimada".
"É difícil mesclar entretenimento e seriedade em apresentações como esta."
Questão social
Já um comentarista do Los Angeles Times elogiou a ideia dos organizadores em trazer à tona uma "questão social" e disse que os gráficos exibidos eram melhores que a apresentação "em PowerPoint do Al Gore", ex-vice-presidente americano famoso por sua militância na área ambiental.
Comentaristas do jornal acharam, porém, que a apresentação foi algo "aleatória", com algumas transições bruscas entre temas.
"Mudou de repente de Piratas no Caribe para Cirque du Soleil", disse um jornalista.
A abertura da Olimpíada não foi transmitida ao vivo nos Estados Unidos. A NBC, detentora dos direitos de transmissão no país, exibiu a cerimônia com uma hora de atraso na costa leste americana.
Na costa oeste, o evento só seria transmitido quatro horas depois.
A emissora diz que optou por atrasar a transmissão para poder dar mais contexto sobre a apresentação, mas especialistas dizem que a decisão - já tomada em Olimpíadas anteriores - busca reservar para o evento o horário de maior audiência da TV americana.
'Melhor que o esperado'
Marcos Troyjo, diretor do BricLab, da Universidade de Columbia, um centro de estudos dedicado a Brasil, Rússia, Índia e China, disse em entrevista à BBC World TV que o Brasil chega à Olimpíada após um período turbulento.
Para ele, os "Jogos podem ser uma linha divisória". "O Brasil pode voltar a ser país do futuro e o Rio, a Cidade Maravilhosa."
Para Harold Trinkunas, analista para Brasil e América Latina do Brookings Institution, um centro de debates e pesquisa em Washington, os fatores que impulsionaram a ascensão do Brasil uma década atrás enfraqueceram, mas a Olimpíada "deve sair melhor que o esperado".
"A atenção internacional logo se voltará para as façanhas dos atletas e a beleza do cenário dos Jogos no Rio."
O historiador James Green, professor de estudos brasileiros da Brown University (EUA), escreveu que a maioria dos visitantes deixará o Rio encantada com a impressionante abertura, com a beleza da cidade e com o charme dos moradores.
Ele afirma que o evento desviaria a atenção dos problemas do Brasil por duas semanas, mas que depois o país "voltará à crise econômica e política atual, que inclui o julgamento do impeachment da presidente Dilma Rousseff e o provável governo interino do vice-presidente Michel Temer, que muitos veem como um usurpador".
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