Empresário estaria viajando, segundo advogado, e já é considerado foragido da Justiça pela Polícia Federal. Outras oito pessoas são alvo de mandados de prisão preventiva
A Polícia Federal cumpre, nesta quinta-feira (26/1), mandados judiciais na segunda fase da Operação Lava-Jato no Rio de Janeiro. Entre os principais alvos da Operação Eficiência está o empresário Eike Batista, dono do grupo EBX. Outro alvo é o vice-presidente de futebol do Flamengo Flávio Godinho, ex-braço direito de Eike. Há também um mandado contra o ex-governador Sérgio Cabral, que está preso no complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu, assim como Wilson Carlos e Carlos Miranda, que também estão presos.
De acordo a Polícia Federal há uma ordem de prisão contra Eike, mas ele não fo encontrado em casa, no Jardim Botânico. Um advogado teria informado que o empresário está viajando, mas que deve se entregar, em data ainda não divulgada. Com isso, Eike já é considerado foragido da Justiça.
A investigação aponta crimes de lavagem de dinheiro de obras públicas do Rio de Janeiro, corrupção ativa e passiva, além de organização criminosa. Há indícios da ocultação no exterior de, aproximadamente, US$ 100 milhões de dólares (cerca de R$ 340 milhões). De acordo com a PF, cerca de R$ 270 milhões já foram repatriados.
No total são seis mandados de prisão preventiva, quatro de condução coercitiva e 22 de busca e apreensão, em ação conjunta da PF com o Ministério Público Federal (MPF) e a Receita Federal. A Operação Eficiência é um desdobramento da Operação Calicute, deflagrada no fim de 2016.
Todos os mandados, que serão cumpridos apenas no Rio de Janeiro, foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do estado. As pessoas que são alvo de condução coercitiva serão levadas para a Polícia Federal no Rio de Janeiro. A ação mobiliza cerca de 80 policiais federais.
Troca de mensagens
Na quinta-feira (19/1), reportagem mostrou que o esquema de liberação de financiamentos da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS) para empresas em troca de propina, comandado pelo ex-deputado Eduardo Cunha e pelo ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto, não se limitava às 11 empresas citadas na Operação Cui Bono. Documentos exclusivos apontam que Cunha e Cleto também atuaram para liberar recursos para empresas de Eike Batista.
O relatório dos investigadores da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) mostram uma troca de mensagens do ex-deputado e do ex-vice-presidente da Caixa em 10 de abril de 2012. Na ocasião, Cunha, então líder do PMDB na Câmara, cobra de Cleto informações sobre uma operação no FI-FGTS que interessaria a Eike (veja fac-símile). “E Eike?”, perguntou o ex-presidente da Câmara dos Deputados, que está preso em Curitiba (PR). “Eike tudo bem, abordado o tema do FI”, respondeu Cleto.
O relatório dos investigadores da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) mostram uma troca de mensagens do ex-deputado e do ex-vice-presidente da Caixa em 10 de abril de 2012. Na ocasião, Cunha, então líder do PMDB na Câmara, cobra de Cleto informações sobre uma operação no FI-FGTS que interessaria a Eike (veja fac-símile). “E Eike?”, perguntou o ex-presidente da Câmara dos Deputados, que está preso em Curitiba (PR). “Eike tudo bem, abordado o tema do FI”, respondeu Cleto.
Veja a lista de mandados judiciais expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio:
PRISÕES PREVENTIVAS
Eike Batista, empresário
Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro
Flávio Godinho, advogado
Wilson Carlos, ex-secretário de governo e ex-assessor de Cabral
Carlos Miranda, ex-assessor de Cabral
Álvaro Novis, membro da organização
Sérgio de Castro Oliveira, membro da organização
Thiago Aragão (Ancelmo Advogados), membro da organização
Francisco de Assis Neto, membro da organização
CONDUÇÕES COERCITIVAS
Suzana Neves, ex-mulher de Sérgio Cabral
Maurício Cabral, irmão de Sérgio Cabral
Eduardo Plass, da TAG Bank e gestora de recursos Opus
Luiz Arthur de Andrade Correia, preso na 34ª fase da Lava-Jato em setembro
APREENSÕES
Ocorrem em endereços residenciais ou comerciais de Susana Neves, Maurício Cabral e dos seis presos sem mandado anterior
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