BnR. Pedágio à vista: trechos de cinco rodovias goianas serão terceirizados


Empresas que ficarão responsáveis pela administração dessas vias serão escolhidas em licitação; cobrança preocupa caminhoneiros do DF

Zuhair Mohamad/O Popular/Futura Press


A rotina de trabalho de Zilmo Antonio Marinho, 55 anos, é dura. Motorista de caminhão há mais de 30 anos, ele trabalha por conta própria, transportando mudanças para cidades da Região Nordeste, além de São Paulo e Goiás. A atividade autônoma garante a liberdade de escolha de fretes. Mas a responsabilidade com o sustento da família, que mora em Vicente Pires, fala mais alto. Como não dá para recusar trabalho, ele negocia os valores diretamente com os clientes e sempre dá um jeito de retornar do destino com alguma carga. Com a terceirização de trechos de rodovias que cortam o estado goiano, no entanto, o custo de tráfego será ainda mais caro. “Se o pedágio for de R$ 2,10 por eixo, o preço é razoável, mas, se aumentar mais do que isso, ficará complicado”, lamenta Marinho.

A terceirização de cinco rodovias de Goiás, anunciada pela Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), virou motivo de preocupação para os caminhoneiros do Distrito Federal. A empresa que vencer a licitação terá a responsabilidade de administrar os trechos entre Goiânia e Cristianópolis (GO-020); Goiânia e São Luís de Montes Belos (GO-060); Goiânia e Cidade de Goiás (GO-070); Goiânia e São Francisco de Goiás (GO-080); e Morrinhos e Caldas Novas (GO-213). No total, são 600km de estrada.

O presidente da Agetop, Jayme Rincón, informou que foram realizados estudos para a concessão de 2,6 mil quilômetros de rodoviais estaduais. A agência definiu que a terceirização deveria se estender entre 600km e 800km, mas a Fundação Getulio Vargas (FGV) foi contratada para fazer a análise dos estudos e atestar a viabilidade econômico-financeira da iniciativa. Após essa etapa, haverá um processo de licitação, que deverá estar concluído neste ano. “O estado ficará desonerado da manutenção dessas rodovias, mas é ponto pacífico a cobrança de pedágio. O que nós queremos é que o preço cobrado seja um valor de acordo com a realidade socioeconômica de Goiás”, adiantou Jayme.

Ele acrescentou que as rodoviais estaduais pavimentadas que dão acesso ao Distrito Federal recebem atenção especial do órgão. Somente em janeiro, cerca de 25% dessas estradas passaram por manutenção, totalizando 111,3km. A previsão da Agetop é de que, até o fim do ano, sejam reparadas 20 vias que ligam cidades goianas à capital federal. São realizadas obas de conservação na GO-436, nos trechos entre Cristalina e DF e entre Cristalina e Luziânia. “O estado de Goiás tem 21 mil quilômetros de rodovias, entre pavimentadas e não pavimentadas. A manutenção preventiva e corretiva é rotineira, mas a pior situação é no trecho entre Cristalina e Luziânia, porque assinamos o contrato para serviços de conservação em outubro do ano passado, mas logo em seguida começou o período de chuvas”, detalhou Jayme Rincón.

Suporte

O presidente da Federação Interestadual das Empresas de Transporte de Cargas (Fenatac), José Hélio Fernandes, acredita que os trechos anunciados para serem terceirizados não apresentam um grande movimento de veículos. “Sinceramente, acho que o fluxo de tráfego nesses trechos não dá suporte para a cobrança de pedágios”, defendeu o representante das transportadoras de cargas de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Distrito Federal. “Com a privatização, a empresa vencedora da licitação será responsável pela manutenção, por obras de ampliação e pelo socorro de carros. Ela cobrará pedágio, mas é preciso, primeiramente, que a rodovia tenha um fluxo muito grande de tráfego para que se sustente”, avaliou.

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