BnR. Ulysses Guimarães 100 anos: Os embates do esgrimista






Ulysses Guimarães, 100 anos: como presidente do Santos o colocou na política  


Ulysses Guimarães e Constituição brasileira de 1988, do qual foi o 'pai'
Ulysses Guimarães e Constituição brasileira de 1988, do qual foi o 'pai'
05 de outubro de 1988, data da Promulgação da Nova Constituição, os olhos de todo o Brasil em Brasilia, para ver este dia historico, quando a nação ganhava nova Carta Magna. Ulisses Guimarães, Presidente Constituinte promulga em secção solene a nova constituição.

Nesta quinta-feira, 6 de outubro, Ulysses Guimarães completaria 100 anos.
Um dos mais destacados políticos da história brasileira, ele foi o "Senhor Diretas", atuando diretamente pelo voto popular nas eleições de 1984, quando a ditadura militar estava em seus últimos anos no comando do país.
Esteve ao lado, por exemplo, de Casagrande, Sócrates e Osmar Santos no grande comício realizado na Praça da Sé em janeiro daquele ano.
O paulista de Itirapina, perto de Rio Claro, morreu em 12 de outubro de 1992 após um acidente de helicóptero na região de Angra dos Reis (RJ) - seu corpo nunca foi encontrado. Torcedor do Santos, Ulysses Guimarães chegou ao clube na década de 1940, e foi ali que a política começou a fazer parte de sua vida.



Formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela faculdade de Direito da Universidade de São Paulo - foi também vice vice-presidente da UNE, a União Nacional de Estudantes -, ele virou sócio do clube da Vila Belmiro em 10 de janeiro de 1941 pelas mãos do conselheiro santista Antônio Ezequiel Feliciano da Silva, do qual era funcionário no Departamento Administrativo da capital paulista.
No ano seguinte, já foi nomeado diretor-presidente da sub-sede do time em São Paulo pelo então mandatário alvinegro Aristóteles Ferreira. Em 1944, Antônio Feliciano se tornou presidente do Santos, e Ulysses Guimarães era um dos cinco vices, ocupando-se das relações internacionais do seu clube de coração.
A relação próxima entre Antoninho e Ulysses, então, chegou à política. Conforme relatado no livro "Perfis Parlamentares", da Câmara dos Deputados, foi o homem-forte santista "que em 1945 o levaria para o PSD (Partido Social Democrático), na fundação da seção paulista do partido, e principalmente o treinaria no contato popular".
Mesmo com a eleição de Athiê Jorge Coury, o mais vitorioso dos presidentes do time da Baixada (1945-1971), Ulysses Guimarães continuou como vice.
Ele deixou a diretoria alvinegra em 1947 para nunca mais voltar.



Afinal, fora eleito deputado estadual por São Paulo para a Constituinte de 1947.
A partir daí, política e Ulysses Guimarães caminharam juntos até o fim da vida do mais ativo parlamentar brasileiro do século passado.
Ainda antes de ser conhecido nacionalmente, o "Senhor Diretas" deu nome a um troféu conquistado pelo Santos. Em 26 de agosto de 1945, em duelo válido pela Taça Doutor Ulysses Guimarães, o time alvinegro ganhou do Linense por 2 a 1 no Estádio dos Eucaliptos, em Lins (SP).
O Santos, naquele dia, entrou em campo com: Zezinho; Artigas e Toninho; Nenê, Ayala e Tico; Jorginho, Aveiros, Zeca Ferreira (Adolfrises), Antoninho e Rubens. Os gols foram marcados por Antoninho e Jorginho.
Mesmo longe, o "pai" da Constituição de 1988, carta-magna brasileira após o fim da ditadura militar, não deixou de dar seus pitacos no futebol.
Em artigo publicado no jornal O Globo após a vitória do Brasil sobre a Escócia na Copa do Mundo de 1990, Ulysses Guimarães "cornetou" o então técnico da seleção, Sebastião Lazaroni. O título foi bem sugestivo: "É preciso jogar sem medo".
O parlamentar aproveitou o mau futebol do time canarinho para cutucar um de seus adversários, o então presidente da República, Fernando Collor.
"Futebol é gol ou real ameaça de gol. Isso não houve. O Lazaroni vai ter tanta dificuldade em explicar o que ocorre com o time quanto o Collor sobre os cem dias de seu governo. O Lazaroni faz jus a pertencer à malograda equipe de assessores do presidente Collor. Menos a jurídica. Seria injustiça dizer que o nosso técnico erra mais que os assessores jurídicos do governo. Mas, do jeito que estamos vendo o desempenho de sua equipe, não falta muito para chegar lá. O Lazaroni comete o prodígio de inverter o velho conselho: não se mexe em time que está ganhando. Ele não mexe no time que está jogando mal. Ele e o Collor. Mas do governo cuidam seus líderes no Congresso", escreveu.
"Mas eu não tenho nada com o governo, meu negócio é Lazaroni. Ele custou a tirar o Romário, com o chumbo de quatro meses de inatividade nos pés. E não tirou o Careca, que todo o mundo estava careca de saber que jogava mal. Boa parte de nossos apelidados técnicos está liquidando com o proverbial jeitinho no futebol brasileiro. Jeitinho no campo é a improvisação, a criatividade, o talento, a imaginação. No futebol, o jeitinho teve o nome de Garrincha. Abafaram o talento com as tais jogadas ensaiadas, esquemas etc. Quando vi nos jornais os bonecos de Lazaroni simulando a barreira, tremi de medo. O futebol, como o samba, não se aprende na academia".
"Como alívio para nossa frustração, dizem que estamos classificados. Não convence, mas consola. Vamos torcer. Mais que torcer, rezar. O inesquecível Nélson Rodrigues cunhou a frase genial 'A seleção é a pátria de chuteiras'. Mas chuteiras que chutam em gol. Até agora, chutaram a grama. Nós, torcedores, fazemos nossa parte: torcemos, rezamos pelos nossos rapazes. Estes devem fazer a sua, trazendo o caneco para o Brasil. Ninguém tem dúvidas de que é preciso mudar. Como está não vai, principalmente quando teremos que enfrentar seleções mais competentes", disse, quase em tom premonitório.

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