BnR. Meryl Streep rouba cena, alfineta Trump e ele responde: 'superestimada'


Atriz exaltou a empatia e ganhou as redes sociais ainda um dia após a cerimônia

A atriz Meryl Streep fez o principal discurso da noite do Globo de Ouro, neste domingo (9/1). Na fala, que durou pouco mais de seis minutos (veja abaixo), ela exaltou a presença estrangeira em Hollywood, defendeu a imprensa livre e lamentou pelo jornalista com deficiência que sofreu bullying de uma pessoa “pedindo para sentar no lugar mais respeitado deste país”. Tudo como uma forma de protesto contra a eleição do republicano Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. 

 

Embora a atriz não tenha mencionado diretamente o nome de Trump, ele entendeu que o discurso foi direcionado a ele. O presidente eleito dos Estados Unidos, que toma posse em 20 de janeiro, respondeu ao protesto da atriz com uma série de tweets:

“Meryl Streep, uma das atrizes mais superestimadas de Hollywood não me conhece, mas me atacou ontem à noite no Globo de Ouro. Ela é uma apoiadora de Hillary que perdeu feio. Pela centésima vez. Eu nunca tirei sarro de um repórter com deficiência (nunca faria isso), mas apenas mostrei a ele, “rastejando”, quando ele mudou totalmente a história de 16 anos que ele tinha escrito para me fazer parecer mau. Apenas mais uma mídia muito desonesta” 




Veja o discurso de Meryl no Globo de Ouro (em inglês)



Leia a íntegra do discurso de Meryl Streep: 

Muito obrigada. Muito obrigada. Por favor, sentem-se. Obrigada. Eu amo todos vocês. Vocês me perdoem. Eu perdi minha voz em gritos e lamentações neste fim de semana. E eu perdi minha cabeça em algum momento do início do ano. Então, eu tenho de ler. 

Obrigada, imprensa estrangeira de Hollywood. Apenas para lembrar o que Hugh Laurie disse. Vocês e todos nessa sala, realmente, pertencem ao segmento mais vilipendiado da sociedade norte-americana agora. Pensem nisso. Hollywood, estrangeiros e a imprensa. Mas quem somos? E o que é Hollywood afinal? É só um monte de pessoas de outros lugares.

Eu nasci e fui criada nas escolas públicas de New Jersey. Viola [Davis] nasceu em uma cabana na área rural da Carolina do Sul e cresceu em Central Falls, em Rhode Island. Sarah Paulson foi criada por uma mãe solteira no Brooklyn. Sarah Jessica Parker é uma entre sete ou oito irmãos de Ohio. Amy Adams nasceu na Itália. Natalie Portman nasceu em Jerusalém. Onde estão suas certidões de nascimento? E a linda Ruth Negga nasceu na Etiópia, foi criada em – não, na Irlanda, eu acho. E ela está aqui, indicada por interpretar uma menina de uma cidade de interior na Virgínia. Ryan Gosling, como todas as melhores pessoas, é canadense. E Dev Patel nasceu no Quênia, foi criado em Londres e está aqui por interpretar um indiano criado na Tasmânia. 

Hollywood está engatinhando com estrangeiros. Se você mandá-los embora, você não terá nada para assistir senão futebol e artes marciais mistas [MMA], que não são artes. Eles me deram três segundos para dizer isso. O único trabalho de um ator é entrar nas vidas das pessoas que são diferente de nós e fazê-los sentir como é isso. E já houve várias, várias, várias performances poderosas neste ano que fizeram exatamente isso: trabalhos apaixonados, de tirar o fôlego. 

Houve uma performance este ano que me impressionou. Ela fincou ganchos no meu coração. Não porque era boa. Não tinha nada bom nela. Mas era efetiva e fez o seu trabalho. Fez sua audiência rir de mostrar os dentes. Foi neste momento quando a pessoa, pedindo para sentar no lugar mais respeitado deste país imitou um repórter com deficiência. Ele usou seus privilégios e poder para tirar dele a capacidade de revidar. Meio que partiu meu coração quando eu vi. Eu ainda não consigo tirar isso da minha cabeça porque não foi um filme. Foi vida real. 

A o instinto de humilhar, quando é de alguém com uma vida pública, por alguém poderoso, isso penetra na vida de todos, porque meio que dá permissão para outras pessoas fazerem a mesma coisa. Desrespeito convida desrespeito. Violência incita violência. Quando o poderoso usa sua posição para explorar os outros, todos perdemos. 

Isso me leva à imprensa. Nós precisamos da imprensa com princípios para se manter no poder, para chamá-los a cada ultraje. É por isso que nossos fundadores enalteceram a imprensa e sua liberdade em nossa constituição. Então eu só peço à famosa imprensa estrangeira de Hollywood e a todos nós da nossa comunidade que se juntem a mim para apoiar o comitê de apoio aos jornalistas. Porque nós todos vamos precisar deles nos próximos dias. E eles precisarão de nós para preservar a verdade. 

Mais uma coisa. Uma vez eu estava pelo set reclamando de algo, estávamos trabalhando até tarde, Tommy Lee Jones me disse: “não é um privilégio, Meryl, só ser um ator”. É sim. E temos de lembrar uns aos outros do privilégio e da responsabilidade do ato da empatia. Todos deveríamos estar muito orgulhosos do trabalho que Hollywood honra aqui nesta noite. 

Como minha amiga, a querida e falecida Princesa Leia, me disse uma vez: “pegue o seu coração partido, transforme-o em arte”. Obrigada. 

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